domingo, 15 de agosto de 2010

Regata Rias Baixas - Etapa 1 Vigo-Combarro

Nós não somos supersticiosos e não acreditamos em bruxas,... pero que las hay, las hay! Na sexta-feira dia 13 começámos os 5 dias intensos de regatas pelas Rias Baixas e o dia foi uma verdadeira sexta-feira 13. Tudo (ou quase tudo) o que havia para acontecer, aconteceu.

A largada em Vigo foi completamente à paraquedista. Apontando direitinho à lancha do Juri, passámos-lhe um fininho e largámos de faca nos dentes. Pelo caminho, a lancha dos jornalistas (que estava encostadinha à do Juri) bem que teve de se afastar, se não levava com o Terceira Idade em cima. Debaixo de 25 nós de vento nordeste (um vento sujo, cheio de refregas) e muita mareta, lá fomos evoluindo em direcção à Ria de Pontevedra e a Combarro.

À parte de umas trancadas de leme e umas retrancas na água para não ficarmos de patilhão ao ar, a coisa até ia evoluindo bem. Até que quando já estávamos com Combarro à vista, a sexta-feira 13 começou a fazer das suas. Em pouco mais de uma hora tivemos mais incidentes que um filme do Jacques Tatti. Primeiro acertámos em cheio numa boia. 20 pontos e um bónus extra. Depois parte o cabo de esteira da vela grande, que já vinha preso por um fio. Com a grande a rabiar como um touro selvagem, lá conseguimos prender o cabo suplente da esteira. Passados poucos minutos, repete-se o filme, parte-se o segundo cabo da esteira. Ok, ficamos sem vela grande. O imponente cais de cimento e pedras da margem sul da ria aproxima-se muito rapidamente. Estamos debaixo de uma castanha de mais de 25 nós e a vaga é invulgarmente grande para as águas das rias. O cais vai-se aproximando rapidamente e a grande continua a rabiar selvagem. Plano B, mete motor. Salta o depósito de gasolina cá para fora e rápidamente vimos que a mangueira está com uma fuga. Plano C, esquece o depósito, vamos com o depósito do motor. Entretanto o motor, que custou a pegar, cala-se ao fim de um minuto. Depois de muito puxar à faniqueira. não havia maneira de o ressuscitar. Plano D, âncora para o fundo e chamamos a lancha de apoio da regata. A âncora vai descendo até que quando acaba a corrente, vai directa para o fundo como um prego e eu fico com o cabo na mão. Plano E, chamamos rapidamente a organizaçãoi de regata. Sai o VHF cá para fora, que só está a funcionar com canal 16. Esquece o VHF. Plano F, vamos amanhar-nos só de genôa, que não temos outra hipótese. E assim foi, depois de muita ginástica para evitar ficar a falar com as pedras, lá fomos evoluindo de genôa, debaixo da mesma pitosga de vento que não abrandou o dia todo nem a noite toda. E pouco a pouco lá chegámos a Combarro, onde, com a marina cheia, lá tinhamos um lugar de primeira linha à nossa espera. É hora de parar, beber um Aquárius, legar o rádio com um musicol e restabelecer forças. Depois então comecámos a arrumar a casa para o dia seguinte, que estava uma grande confusão.

Pedimos desculpa pela falta de fotos, mas não houve tempo nem para dizer "ui", quanto mais para fazer fotos. Enfim, um dia de Vida muito Dura. Muito melhor do que ficar no sofá a ver o Lost.

Mais relatos virão nos próximos posts sobre as etapas seguintes.

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